quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Paraguai e o ônibus mágico


A manhã seguente o Aitor acordou com fevre devido ao ar condicionado do ônibus de Goiânia-Campo Grande, e com a costela ainda mais machucada (sem mais preocupações!!). O Flávio, de novo, exercendo já como irmão maior, nos levou até o posto na saída para Corumbá. O sorriso foi imenso quando nos falaram que o povo que pedia carona lá sempre achava. Mas as horas e o calor infernal desmotivando à gente. O melhor intervalo dessa longa espera foi o almoço que ganhamos do restaurante (arroz, feijão, palmonha e mandioca), até então (desde a sexta) só tinhamos comido dois pçao de queijo e dois salgdos (também de brindis). Com a barriga cheia o sonho se tornou realidade. Apareceu um ônibus antigão, verde e branco, que se caia em pedaços, com muitos ferros sobresaindo por encima. 

O motorista, Arlin “O Paraguai”, com mãe argentina e o rosto de indígena nos convidou a empreender o trajeto com ele. O destino, não Corumbá, uma feira indígena em Puerto Suárez, um dos primeiros povos da Bolivia. Sentados nos dois assentos traseiros, pertinho do motorista, o papo foi bem fluído. Como todo bom caipira, o Arlin tratou a gente como da familia e inclusive abriu as portas da casa da irmã para tomar tereré e jantar. Escondida em uma pequena chacra de Aquidauana, uma mulher de rosto juvenil, o seu calado marido, alguma adolescente já com nenés no colo e várias crianças nos receberam como grandes conhecidos. Compartilhamos panela de macarrão e uma carne um tanto peculiar (ver secção de anedotas). A brincadiera sirviu para nos relaxar e adorar ainda mais esse povo perdido no interior do Brasil. Foi um lindo chau do país tropical para a Latinoamérica. Dessa casa pegamos o Marcelo, sobrinho do Arlin, um adolescente engraçado que seria branco de muitas piadas do nosso caroneiro. 

Já a noite partimos com a intenção de chegar bem cedo à cidade boliviana, mas o sonho venceu nosso querido motorista. Sem pensar duas vezes, o Arlin parou o ônibus mágico em um lado da estrada e como um auténtico pae mandou a gente dormir. Montamos a barraca e colocamos os calourosos sacos de dormir, mas dormir foi impossível. Na beira do Pantanal, os infinitos mosquitos e o calor asfixiante não nos permitiu ne dar uma cochilada. Assim que acabamos com essa tortura, partimos de novo, ainda a noite. A última parada antes da nossa chegada foi num posto, onde o amigo Arlin fez esperar à gente para ele dar uma necessária descansada. Depois também paramos mais uma vez em Corumbá para ressolver uns assuntos fronterizos. E no final passamos a fronteira sem problemas para entrar na nossa desejada Bolivia.

Campo Grande te cuida


Depois de um primeiro dia de prova na nossa procura de carona e mesura de forças, e depois de 13 horas de ônibus/cama, chegamos em Campo Grande ao meiodia. Lá tinha que nos recebeu o Adriel, colega da Hellen, estudante de jornalismo para formar (como alguns outros) que o Aitor tinha conhecido no Intercom. A primeira cagada na “grande cidade” foi pegar e pagar 6 reais de ônibus para recorrer três quadras. Mas o recebemento foi bom, a casa do Adriel nos abriu os braços com dois colchões, que para nós significou o paraíso. Chuveiro bem gelado para contrarrestar o calor, mais quente que em Goiânia, um pouco de fabricação de trampos e bora para conhecer um pouco da cidade e aproveitar para fazer ventas.

A noite nos encontramos com os outros dos anjos da guarda de Campo Grande, a Hellen e o seu marido, o Flávio. A idéia era ir para a feira na procura de clientes, mas se convertiu num grande tour turístico pela noite da capital matogrossensedosul (ou como porra se escreva!). O Flávio, conhecedor da vida do mochileiro, nos levou por todas as portas dos barzinhos mais chics. O azar (que não a falta de qualidade), só nos permitiu vender duas pulserinhas, e ainda no mesmo bar. Mas temos que acrescentar que a mulherada se mostrou muito sorrinte com as nossas técnicas de marketing, ou seja, papo (vamos pelo bom caminho...).

Por complaciência, o próprio Flávio tomou a iniciativa de tomar a penúltima cerveja em um boteco perto da casa do Ariel. A balada acabou com oito garrafas de Heineken encima da mesa e vários debates por ressolver. No final, fechamos o dia em Campo Grande com a moral bem alta, pela sorte que tevemos de conhecer pessoas tão legais e a esperança de que poderia ser assim a viagem toda.

(por em quanto nao vamos colocar fotos nem vídeos porque a Internet de Puerto Suárez está muito ruim, mais próximamente vamos ter muito material visual!)