A manhã seguente o Aitor acordou com fevre
devido ao ar condicionado do ônibus de Goiânia-Campo Grande, e com a costela
ainda mais machucada (sem mais preocupações!!). O Flávio, de novo, exercendo já
como irmão maior, nos levou até o posto na saída para Corumbá. O sorriso foi
imenso quando nos falaram que o povo que pedia carona lá sempre achava. Mas as
horas e o calor infernal desmotivando à gente. O melhor intervalo dessa longa
espera foi o almoço que ganhamos do restaurante (arroz, feijão, palmonha e
mandioca), até então (desde a sexta) só tinhamos comido dois pçao de queijo e
dois salgdos (também de brindis). Com a barriga cheia o sonho se tornou
realidade. Apareceu um ônibus antigão, verde e branco, que se caia em pedaços,
com muitos ferros sobresaindo por encima.
O motorista, Arlin “O Paraguai”, com
mãe argentina e o rosto de indígena nos convidou a empreender o trajeto com
ele. O destino, não Corumbá, uma feira indígena em Puerto Suárez, um dos
primeiros povos da Bolivia. Sentados nos dois assentos traseiros, pertinho do
motorista, o papo foi bem fluído. Como todo bom caipira, o Arlin tratou a gente
como da familia e inclusive abriu as portas da casa da irmã para tomar tereré e
jantar. Escondida em uma pequena chacra de Aquidauana, uma mulher de rosto
juvenil, o seu calado marido, alguma adolescente já com nenés no colo e várias
crianças nos receberam como grandes conhecidos. Compartilhamos panela de
macarrão e uma carne um tanto peculiar (ver secção de anedotas). A brincadiera
sirviu para nos relaxar e adorar ainda mais esse povo perdido no interior do
Brasil. Foi um lindo chau do país tropical para a Latinoamérica. Dessa casa
pegamos o Marcelo, sobrinho do Arlin, um adolescente engraçado que seria branco
de muitas piadas do nosso caroneiro.
Já a noite partimos com a intenção de
chegar bem cedo à cidade boliviana, mas o sonho venceu nosso querido motorista.
Sem pensar duas vezes, o Arlin parou o ônibus mágico em um lado da estrada e
como um auténtico pae mandou a gente dormir. Montamos a barraca e colocamos os
calourosos sacos de dormir, mas dormir foi impossível. Na beira do Pantanal, os
infinitos mosquitos e o calor asfixiante não nos permitiu ne dar uma cochilada.
Assim que acabamos com essa tortura, partimos de novo, ainda a noite. A última
parada antes da nossa chegada foi num posto, onde o amigo Arlin fez esperar à
gente para ele dar uma necessária descansada. Depois também paramos mais uma
vez em Corumbá para ressolver uns assuntos fronterizos. E no final passamos a
fronteira sem problemas para entrar na nossa desejada Bolivia.